sábado, 27 de setembro de 2014

O rio serpentino

         As serpentes criadoras de suprimentos para verem o aumento da prostituição deveriam ser colocadas na prisão, pois isso é um crime.





O rio serpentino


    A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde DEUS lhe havia preparado lugar para nele a sustentarem durante mil duzentos e sessenta dias.
Apocalipse de JESUS segundo João, cap. 12:6.


Quanta gente se debate
Numa terrível arte:
Colocar vários tropeços
No caminho da mulher
Para que ela
Perca a sua Fé
E parta para a prostituição.


Quanta mente cretina
Acha que a menina
Tem de se prostituir.


Deve movimentar o corpo
Para não ficar morto:
Mentira!
Toda menina é mãe
De grandes feitos
Sem servir aos pretextos
De homens sem honra.


E são tão “caridosos”
Que aumentam o número de camisinhas
Para as filhas de honrosas famílias
Partirem para a prevaricação,
Levando-as à condição
De simples prostitutas.


E os pais o que fazem?
Não vão abrir a boca
Contra essa gente louca
Que as deprava?


Muita mente deformada
Já com entrada
No planeta  Absinto
Quer que a mulher mãe
Aborte o seu filho
Para que ela perca o brilho
Da Divina Maternidade.


Quanto cafetão
Vende diversas moças
Para ganhar dinheiro
Como se elas fizessem parte
De seu sujo pardieiro.


Que é isso
Senão a serpente
Abrindo a sua boca
Como uma louca
Para vender corpos?


Que é isso
Senão um tremendo dragão
Perseguindo as mulheres
Como um  furacão?


A mulher deve ir para o deserto
Para fugir do espectro
Da terrível escravidão.


Como?
Procurando sadia diversão,
Estudando, trabalhando,
Praticando esporte
E sempre o Bem realizando
Para sair da vista da serpente.



Não seja o de hoje.
Não suspires por ontens...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.

        
         Cecília Meireles – Escritora, Professora, Jornalista e Poetisa Brasileira (1901 – 1964)




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